Este livro fantástico e sensível traz relatos pessoais, entrevistas e dicas práticas sobre como lidar com as mudanças internas e externas que todas nós teremos que enfrentar mais cedo ou mais tarde a partir dos cinqüenta anos.
A palavra 'adolescência' tem dupla origem etimológica:
- Do Latim "ad" ('para') + "olescere" ('crescer'); portanto 'adolescência' significaria, strictu sensu, 'crescer para' ou ´indivíduo apto a crescer´.
- Adolescência também deriva de adolescer, origem da palavra adoecer. Adolescente do latim adolescere,significa adoecer,enfermar.
Tudo.
Na "Primeira Adolescência" o crescimento do corpo é tão rápido que o cérebro tem dificuldade em acompanhá-lo "em tempo real". É por isso que vemos jovens desengonçados, sem intimidade com seus próprios corpos, que vivem se esbarrando por onde passam. A mudança de voz, o aparecimento dos pêlos, seios, a vergonha, o medo, o desejo e a ansiedade por desfrutar o mundo de um outro ponto de vista. O humor é instável. Ora felizes e elétricos, ora melancólicos e enclausurados em seu próprio mundo. Choram muitas vezes sem saber a razão, embora o riso seja solto quando estão em grupo. Vestem-se com o "uniforme da moda", a fim de parecer com os seus pares e, ao mesmo tempo, desaparecer na multidão. São rebeldes, desafiadores, precisam soltar-se dos grilhões da infância e, por isso, atacam o conhecido, a fim de tornarem-se páginas em branco onde será escrito o futuro promissor.
Gostam e desgostam do que vêem no espelho, mas acabarão se acostumando...O jovem adolesce para se tornar apto a crescer.
E o que somos nós?Adolescentes de segunda mão eu diria. Nossos corpos mudam tão rápido que mal nos reconhecemos no espelho. Também nos tornamos desengonçadas, desastradas. A pele perde o viço e a elasticidade, os cabelos e as unhas tornam-se cada vez mais enfraquecidos, as curvas do corpo que torneavam a nossa feminilidade mudam de lugar, seios crescem, a noção corporal desaparece. Medo, insegurança, vergonha, juntam-se a calores e lágrimas sem sentido.
Por achar que ainda somos o que éramos, custamos a perceber que nossos limites físicos e emocionais estão mudando. Também ficamos rebeldes, desafiadoras conosco e com o mundo, pois não conhecemos outra maneira de nos libertar de imagens ultrapassadas de nós mesmas e de prisões antigas, companheiras de toda uma vida. Definitivamente odiamos o que vemos no espelho e muitas de nós tentam desesperadamente consertar seu reflexo, repuxar a imagem ou imobilizar as marcas do tempo. Em "A Sabedoria da Menopausa", a médica Christiane Northup nos diz que a menopausa põe a nossa vida sob o microscópio:
"Não é segredo que as crises de relacionamento são um dos efeitos colaterais mais freqüentes da menopausa. Geralmente, isso é atribuído aos efeitos alucinantes das mudanças hormonais que têm lugar no corpo da mulher nesta época de transição. O que raramente se reconhece ou se compreende é que embora essas mudanças provocadas pelos hormônios afetem o cérebro, também fazem com que a mulher perceba mais facilmente a desigualdade e a injustiça, dando-lhe ainda uma voz para falar desses problemas. Em outras palavras, dão-lhe uma espécie de sabedoria, bem como coragem de verbalizá-la. Quando começa a se erguer o véu que obscurece a visão, criado pelos hormônios da reprodução, o corpo e o espírito joviais da mulher costumam se reacender, juntamente com desejos e impulsos criativos há muito sublimados. A meia-idade reativa com energia vulcânica esses impulsos, que exigem um canal de saída."
Na "Segunda Adolescência", adoecemos _ adolescere_ para nos tornarmos aptas a continuar e mais sábias para escolher como desejamos viver. Jamais seremos páginas em branco, disso sabemos. Mas é imprescindível providenciar novas páginas onde será escrito o epílogo de nossa história.
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