Certa vez, uma serpente rastejava contorcendo-se toda, quando a cauda de repente voltou-se contra a cabeça e disse, furiosa: "Olha aqui, estou cansada de sempre seguir-te para onde quer que inventes de ir! Já é tempo de eu assumir a liderança!"
"Tu és tola, és estúpida" – silvou a cabeça – "pois não apenas te meterias em todo tipo de trapalhada, como também me arrastarias contigo!"
Mas a cauda teimava tanto em sua insensatez e a discussão ficou tão feroz, que a cabeça acabou cedendo só para ter sossego, mas declarou: "Depois não diga que não avisei!"
A cauda então pulou para a frente, feliz, decidida a aproveitar ao máximo sua recém-conquistada liberdade e liderança.
Antes que pudesse pensar, caiu numa poça d'água, e se não saltasse para fora a tempo, estariam completamente perdidas. Pouco depois, entrou numa fogueira, arrastando a cabeça atrás de si. Ficaram tão queimadas que mal escaparam com vida.
Mesmo após esta afortunada salvação, a cauda ainda não aprendera a lição, e insistiu em continuar com aquela liderança tola! Embora a cabeça já estivesse cansada e enjoada daquilo, tinha dado a sua palavra, e, aborrecida, continuou a seguir a tola guia. Mal teve tempo de perceber o que estava acontecendo, quando a cauda se enfiou num enorme espinheiro; ela e a cabeça começaram a se virar, torcer e retorcer para livrar-se, mas ficaram cada vez mais emaranhadas.
Por mais que tentasse, estavam tão presas nos espinhos que não conseguiram se soltar, e acabaram perecendo – tudo por causa da teimosia e estupidez da cauda, insistindo em guiar a cabeça!
De quem foi a culpa? Tudo bem que a cauda insistiu em continuar liderando, mas porque a cabeça não a impediu?
Quantas vezes nos deixamos guiar por nossas caudas? Quantas vezes, nossos corpos sofrem por estarmos temporariamente acéfalas?
Ponham a cabeça no lugar meninas!
Beijos
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