Tenho andado sumida, citando pessoas que admiro ou postando textos que me tocam, só para continuar cuidando um pouquinho desse jardim. Além da falta de tempo, principalmente por um tratamento de saúde de minha mãe, o trabalho profissional anda atrasado e estou tentando colocá-lo em dia.
O que aconteceu foi que minha mãe operou os dois olhos, um de cada vez, de catarata. Até aí tudo bem, já que esta é uma operação super simples e que não costuma dar problemas, pelo menos para quem à ela se submete. Mas a recuperação... Bem aí é outra coisa. Nos primeiros sete dias são três colírios, dois de três em três horas e outro de seis em seis, terminando o dia com os três juntos às dez horas da noite. Sem falar que, entre a colocação de cada colírio deve haver uma espera de cinco minutos, imaginem o tempo que isso tudo demandava.
As consultas são semanais e o atendimento por ordem de chegada, sendo que a médica chega quando quer. Era praticamente o início das Olimpíadas Geriátricas, porque à cada semana os velhinhos procuravam chegar mais e mais cedo. Todos ali já se conheciam, parentes acompanhantes e os velhinhos “im pacientes”, pois além da convivência semanal, no dia da cirurgia todos nós nos encontrávamos na sala de espera do Centro Cirúrgico. Era praticamente uma reunião social, todo mundo se tratando pelo nome e trocando experiências. A consulta semanal em si durava o tempo suficiente para olhar o olhar cansado pela espera do paciente, dizer que estava tudo correndo bem, mudar a ordem dos três colírios e dizer “até a próxima semana!”.
E que semana! Como já disse anteriormente, sou filha única, meu trabalho fica bem próximo à casa de minha mãe, mas mesmo assim tive que contar com a ajuda do maridão e da filha para dar conta dos horários. Essa confusão toda durou dois meses mais ou menos, porque quando um olho fica bom, começa tudo de novo no outro.
Bem, em uma dessas consultas semanais, buscando desesperadamente o que ler para passar o tempo, encontrei em uma das duas únicas revistas disponíveis (na verdade semanários religiosos, o Hospital é Católico) um artigo que me chamou a atenção. Não pretendo reproduzi-lo por inteiro, mas apenas uma pequena parte que achei muito interessante.
“Meu amigo Francisco acreditou que, a partir dos 60 anos, já não podia mais iniciar nada e, por esse motivo, não parou de se repetir. Morreu precocemente por não ter sido capaz de entender que, depois de deixar de ser natural, a juventude é uma conquista.”
Betty Milan (psicanalista e escritora)
Olhando à minha volta e vendo todos aqueles velhinhos ali conquistando um novo olhar, uma nova maneira de viver e uma nova forma de se relacionar com o mundo, resgatando um pouco da sua independência, percebi que a mais velha naquela sala era eu.
Beijos
Olá Florzinha!!! Tava com saudades do seu jardim!
ResponderExcluirRealmente, a juventude independe de idade, ela está dentro de cada um e cabe a cada um cultivá-la ou não.
Linda, espero que a sua mãezinha se recupere logo. Estou na torcida.
Bju grande!
Que coisa mais linda esse teu post. Faz pensar realmente...Adorei e que tua mãe fique bem desses olhinhos tão importantes pra ver as cores da vida! beijos,chica
ResponderExcluirObrigada queridas Aline e Chica pelo carinho.
ResponderExcluirBeijinhos no coração de voces :)