As Mulheres Sempre serão Flores em Qualquer Estação da Vida



As mulheres sempre serão flores em qualquer estação da vida!

Algumas são botões, outras estão começando a florescer.
Há aquelas que são promessas de cores esplêndidas e as que já não têm mais o viço do início da floração.
Há mulheres Margaridas, coloridas e leves.
Há as que são clássicas como as Rosas e as Palmas.
As mulheres despojadas são Flores do Campo.
As requintadas são Tulipas e as raras são Orquídeas.
As Flores-de-Maio, são resistentes, resilientes, rústicas, discretas. Dizem até que dão frutos. O que sei é que quanto mais se dividem, mais se multiplicam e florescem no outono.
Este Blog é de todas elas, porque

As mulheres sempre serão Flores em qualquer estação da vida!

Em tempo: os homens tambem são muito bem vindos!

Flor de Maio


Essas são as Mais Belas Flores desse Jardim!

As Mais Belas Flores do Meu Jardim

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

O que para a Lagarta Parece o Fim do Mundo, para o Mundo é Apenas uma Borboleta!









Finalmente em obras!

Minha casa tem dois banheiros e um lavabo. Mas, desde que nos mudamos para cá, o banheiro social funcionou por muito pouco tempo, uns seis meses no máximo. Primeiro foi a água da pia que começou a rarear até enxugar de vez. Enquanto isso, a parede que divide o banheiro do escritório, parecia capturar toda o líquido que havia desaparecido do banheiro, transformando o arquivo de trabalho numa bucólica cachoeira. Logo depois foi a vez da descarga do vaso que,
segundo o especialista, se tratava de um caso terminal: "Ou quebra tudo e troca os cano, ou a madama arranja outro uso para o vaso". Animador, não é mesmo?

Como o dinheiro andava curto, resolvi usar a criatividade e seguir o conselho do "Tá no Preço" _ este é o apelido carinhoso que demos ao bombeiro que normalmente nos atende por conta da frase que ele mais gosta de usar. Assim, sem qualquer votação prévia, o banheiro antes sem uso passou a ter mil e uma utilidades. Automaticamente passamos a utilizar aquele espaço como depósito de tudo que não sabíamos onde guardar.

Não pensem que eu não contribuía, eu assumo: usei cada centímetro deste novo espaço.

Afinal, em uma casa pequena o metro quadrado liberado está sempre em alta.

Cheguei até a pensar que poderia dar um uso saudável ao lugar. E um dia, num total surto, instalei uma esteira de ginástica entre o vaso sanitário e o chuveiro (não riam alto, por favor!). A princípio pareceu-me perfeito, já que eu poderia me exercitar e fazer sauna ao mesmo tempo...

Pode parecer que não, mas eu sou totalmente influenciada pelo ambiente. Não gosto de bagunça, sou completamente neurótica em relação à estética e preciso me sentir "em casa", aconchegada e protegida de qualquer poluição visual quando estou em casa. Não posso afirmar que o resto da família compartilhe deste meu ponto de vista. Por isso, a fim de evitar confusões, eu mantinha sempre o banheiro com a porta fechada.

Provavelmente meu Anjo da Guarda já não devia mais agüentar minhas reclamações, meus resmungos diários em relação ao caos do meu banheiro/depósito. Eu não agüentaria isto é certo!

Assim, como a vida às vezes parece colocar um bode no meio da sala para que as mudanças aconteçam, o único banheiro da casa que ainda funcionava começou a dar problemas também. A princípio pensei que fosse enlouquecer. Afinal, quem é que entende a linguagem dos anjos?

Primeiro um vazamento alagou por completo meu armário, depois a bomba de pressurização do chuveiro começou a ligar voluntariamente no meio da noite sem que ninguém estivesse usando o chuveiro. Parecia, não, tenho certeza, era mesmo coisa de outro mundo!

Logo surgiram os tradicionais paliativos: a água fria, responsável pela enchente foi desligada e o fio da bomba foi puxado para dentro do banheiro para que pudéssemos desligá-la quando não estivesse em uso. Foi um exercício cerebral e tanto, já que tive que me condicionar a agir como canhota sempre que ia escovar os dentes ou lavar as mãos. A decoração do banheiro também se tornou muito original, pois o fio pendurado na altura exata do rolo de papel conferia um certo charme ao ambiente.

Não posso negar, jogo de cintura e criatividade são característicos da minha família...

Numa noite insone, enquanto reclamava com meu Anjo, me senti exausta e por um instante cheguei a questionar se estava ficando maluca. Afinal, como podemos chamar alguém que lista seus problemas domésticos no meio da madrugada para uma figura duvidosa como um Anjo?

Constrangida com o meu comportamento, silenciei meus pensamentos na esperança de pegar finalmente no sono.

Dizem que quando rezamos falamos com Deus e quando silenciamos somos capazes de ouvi-lo. E foi o que aconteceu. Graças a Deus não ouvi nada (juro!), mas pude perceber o presente que estava ganhando...

Na verdade, o que eu via como catástrofe era uma brecha excelente, um argumento irrefutável para que a obra do banheiro social finalmente acontecesse. Viver com um banheiro causa engarrafamento, mas é superável, agora viver sem nenhum, isso não é possível!

E foi assim que a reforma pôde ter seu início.

Foram três semanas de poeira, quebra-quebra, barulho e muitas reclamações do restante da família.

Todo mundo sabe que uma obra, mesmo que pequena, incomoda muita gente. Mas duas incomodam muito mais!

Eu não tinha percebido, mas na verdade eu já estava em obras há muito tempo e aquele banheiro só intensificou a barulheira da reforma que vinha acontecendo em mim. Aliás, pude perceber mais claramente o quanto o banheiro e eu tínhamos em comum:
  • Nossos usos eram múltiplos
  • Nossas funções eram difusas
  • Nosso ambiente estava caótico
  • Éramos depositários de tudo que ninguém parecia querer guardar
  • E vivíamos de portas fechadas para que a nossa bagunça não incomodasse ninguém que por lá passasse
Durante aquelas três semanas tive a impressão de que nunca tinha me sentido tão identificada com alguém ou com alguma coisa como me via naquele momento.

De uma coisa eu tive certeza: Era tempo de reformar!

Uma amiga minha costuma dizer que "o que para lagarta parece o fim do mundo, para o mundo é apenas uma borboleta!" e essa frase vinha bem a calhar. Eu estava literalmente vivendo o fim do meu mundo, não por causa da reforma do banheiro (isso foi só uma pista, dada pelo meu Anjo provavelmente), mas por conta de tudo que eu vinha acumulando ao longo da minha vida. Por causa de tudo que eu fui um dia e que não poderia mais continuar a ser mesmo que me esforçasse...

Não tenho mais vinte anos, ao contrário, estou na fase em que digo constantemente que conheço alguém ou alguma coisa há mais de vinte anos. Minha cabeça está em constante reforma, meu corpo se reconstrói a cada dia, meus projetos e minhas prioridades disputam cada centímetro quadrado dentro de mim.

Nunca tive crise dos trinta, não me senti desesperada aos quarenta, mas os cinqüenta me trouxeram uma urgência de vida com a qual ainda não aprendi a lidar. Não sei dizer o que causou isso, talvez seja a certeza de que não quero mais ser como aquele banheiro. Ter muitos usos, porque não sei quem sou ou aceitar qualquer coisa que não caiba em outro lugar, isso eu tenho certeza de que não quero mais para mim.

Estou ciente e assumo, como no caso do banheiro, que fui responsável pelo uso que fiz da minha vida, do meu espaço e sei que as brechas foram muitas, mas eu estava ocupada demais com o meu resmungo sem fim para ouvi-las gritar.

Hoje, segundo a minha filha, o tal banheiro é o cômodo mais bonito da nossa pequena casa. Está organizado, funcionando e, principalmente, está sendo o que deve ser: um banheiro!

É isso, exatamente isso que eu quero para mim. Quero reconquistar meu espaço, me permitir sonhar, determinar minhas funções, organizar minhas prioridades sem ser atropelada por aquilo que não preciso ser ou fazer.

Quero não ser apenas a filha, a esposa, a mãe e a profissional, ou tudo isso misturado.

Hoje eu tenho absoluta certeza que quero florescer em pleno outono e finalmente me descobrir simplesmente eu, mulher.

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